Uma carta.

Alguns meses que parecem anos. Tanto aconteceu, tanto mudou, mas às vezes parece o mesmo.

Acho que é o clima.

Acho que são algumas memórias que teimam em permanecer.

Pelo menos são agradáveis.

Quando penso em tudo e admito minha inaptidão e inexperiência em lidar com simples fatos da vida que ocorrem sem que tenhamos controle – e nem poderíamos – e vejo o quão imatura, egocêntrica e egoísta eu realmente fui, esboço um sorriso. Envergonhado, mas sem qualquer traço da dor que pensava ter sentido e que hoje não consigo definir se era real ou fruto da minha completa inabilidade em me importar com sentimentos e necessidades alheios. Mas tudo bem, esboço um sorriso de qualquer forma.

Acho que aprendi. Estava tão mal-acostumada a sempre receber segundas chances que fiquei cega diante a possibilidade de que alguns erros são irreparáveis. Mas hoje eu consigo entender isso.

Meu único arrependimento é justamente esse. Mas estou aqui, seguindo em frente. Esboçando um sorriso. E creio que se você pudesse, estaria esboçando um também.